sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A (quase) inatingível perfeição.



                Muitas vezes escutei que o mundo só se tornará melhor quando evoluirmos moralmente. Um dia procurando essa tal evolução moral, fui consultar o Evangelho Segundo o Espiritismo. Abri uma página aleatória, a 220, que deu no capítulo XVII: Sedes Perfeitos. Peguei um bloco de anotações para fazer um resumo das coisas mais importantes e comecei o estudo. “A essência da perfeição é a caridade na sua mais larga acepção, porque ela implica na prática de todas as outras virtudes” foi a primeira coisa que eu anotei, porque ali estava o significado da verdadeira perfeição: a caridade. Foi o que Jesus nos ensinou quando disse “Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, e foi o que eu não tinha aprendido, mesmo depois de decorar milhares de vezes essa frase no catecismo, de repeti-la incontáveis vezes nas missas. Entendi o verdadeiro sentido dessa frase naquele instante: que amar o próximo é ser caridoso com ele. E o que é ser caridoso? Jesus também ensina: “é amar os inimigos, fazer o bem àqueles que nos odeiam, orar por aqueles que nos perseguem”. Mas aí Jesus já estava pedindo demais. Se já é difícil fazer isso tudo com quem a gente gosta, imagina com os nossos inimigos? Definitivamente, seria para sempre um imperfeito.
                Seguindo a leitura, já despontado com a minha triste constatação, encontrei a parte do texto que mais tinha haver comigo, a parte dos maus espíritos que são aqueles que “não rompem facilmente com seus hábitos, se apegam mais aos fenômenos do que a moral que lhes parecem monótona, pedem aos espíritos para iniciá-los, sem se perguntarem se se tornaram dignos de penetrarem nos segredos do Criador”. Era exatamente isso que eu estava fazendo. Tentando entrar no mundo do Criador sem antes saber se sou digno, e sem antes estar disposto a mudar os meus hábitos e defeitos. Já havia desistido antes de começar. Já havia me condenado à imperfeição sem antes saber que caminhar para ela era justamente condenar-se pelo mal que os outros fizerem por você e retribuir com bem.  É ser indulgente para com as fraquezas alheias, para que possam ser indulgentes com suas próprias fraquezas.
                Nos esforçamos tanto quando queremos algo, porque então, não nos esforçamos pelo menos um pouco para mudar o espiritual? Achamos que a perfeição é inatingível, que só Deus é perfeito e que só Ele é digno dela, mas esquecemos que Deus não está no céu, nas igrejas,  nos quadros e imagens. Esquecemos que Deus está dentro de nós, e sendo parte Dele, nós estamos fadados à perfeição, demore o quanto demorar, doa o quanto doer.
                Decidido a mudar meus hábitos e comportamentos, comprei um caderninho e decidi que leria todos os dias o Evangelho e faria um resumo nele. Hoje, um ano depois, abri mesmo caderno e vi que só tinham 3 páginas escritas do meu primeiro e único estudo do evangelho. Era a imperfeição impedindo a minha evolução. Era eu impedindo que um novo eu surgisse. Hoje pretendo fazer um novo estudo mais tarde,  tentar ter uma constância que provavelmente não terei. E assim, a passos lentos vou caminhando para a (quase) inatingível perfeição.
               
                

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