terça-feira, 27 de março de 2012

Minha incapacidade de escrever e (de novo) um pouco de volei pra salvar a noite

Acabei de fazer uma avaliação para o processo seletivo do NDH (Núcleo de Direitos Humanos) da UFOP. Era uma dissertação sobre a importância da pesquisa sobre os direitos humanos e como a Pesquisa Ação pode contribuir. Meu desempenho? Um desastre. Abaixo da crítica. Só entrarão aqueles que obtiverem nota acima de 7, acho que, com sorte, ganho um ponto por ter assinado meu nome corretamente.
¬¬
Fora a minha conclusão que sou incapaz de escrever uma simples redação, acho que terei um dia razoável. Isso porque teremos hoje o confronto mais esperado das semi-finais da superliga feminina de volei. Unilever X Volei Futuro.
De um lado, Paula Pequeno, Fernanda Garai e a incrível Walewska, que no ultimo jogo marcou 25 pontos. Do outro, Sheilla, Mari e a experiente Fernanda Venturini. Quem leva?Não sei, mas acho que o segredo da partida será o passe. As duas equipes tem deficiencias no fundamento, principalmente o Unilever, que compensa essa deficiencia com o bom saque que apresentou na primeira fase. Já o Volei Futuro, não conta com um bom saque mas tem a ponteira Fernanda Garai e a central Walewska, que estão em ótima forma. Mais que tudo, esse será um jogo de estratégia. Um jogaço, às 21h no Sportv.

sábado, 10 de março de 2012

Canção - Cecília Meireles





Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar


Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos 
colore as areias desertas.


O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...


Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo 
e o meu sonho desapareça.


Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas. 

quinta-feira, 1 de março de 2012

Se eu fosse eu - Clarice Lispector





"Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.
E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.
Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.
"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais."
Clarice Lispector
Extraído do livro A Descoberta do Mundo